terça-feira, 20 de dezembro de 2011

RÚSSIA E FINLÂNDIA – Uma Viagem Musical em busca do Sol da Meia Noite ...



Com um bate e volta em Tallin na Estônia e uma escala em Madri na Espanha!

Esta viagem começou a ser sonhada há cerca de 15 anos, quando eu e minha filha Gabi vimos o Ballet Kirov no Teatro Municipal aqui em São Paulo. Saímos de lá e nos prometemos: um dia iriamos vê-los na casa deles em São Petersburgo. E não é que conseguimos realizar este sonho?












Assistimos o mesmo O Lago dos Cisnes lá no teatro Mariinsky em São Petersburgo.



Ai pensamos: já que vamos para a Rússia, seria bom conhecer também Moscou ...

... e ver o Ballet Bolshoi por lá.



Então a Gabi sugeriu: “A Finlândia é tão pertinho, a gente poderia dar uma passadinha em Kitee, berço da minha banda predileta ...


...e chegar até a Lapônia, ver a terra do Papai Noel, do Sol da Meia Noite e cruzar o Círculo Polar Ártico”.











Ela é eclética assim mesmo, pois desde os seus nove anos é minha companheira para concertos, operas, ballets e afins, mas (como ninguém é perfeito), é fanática por heavy metal. Ah, e adora o Natal.


Procurando o que poderia fazer nos dias que ela queria ficar em Kitee, descobri que Savonlinna, na região dos lagos finlandeses, sediava no seu castelo de Ovalalina um dos maiores festivais de ópera da Europa, exatamente na época que estaríamos por lá.


Queríamos muito ir da Rússia para a Finlândia de barco, então optamos pela travessia através do Canal Saimma, que liga  a cidade de Vyborg, na Rússia, a Lappeeranta, na região dos lagos finlandeses.


Aproveitamos para ver o Castelo de Vyborg e o maior castelo de areia do mundo em Lappeeranta (segundo o guia Lonely Planet Finlandia) .










E já que a Finlândia é a terra dos lagos, por que não usá-los para parte do caminho entre Savonlinna e Rovaniemi na Lapônia?


Desta maneira ainda poderíamos pernoitar no Mosteiro de Valano (de monges ortodoxos fugidos da Rússia) ...










... e conhecer a maior sauna do mundo em Kuopio (também segundo o guia Lonely Planet Finlândia) .










Não dava para ir à Finlândia e não conhecer sua capital Helsinque.











Além do mais, a Gabi queria conhecer o Tavastia Klubi, onde a tal banda predileta (Nigthwish) tocou no início da carreira.




Tallin na Estônia fica a 2 horas de ferry de Helsinque, por que não fazer um bate e volta até lá?


Tenho um irmão que mora em Lisboa e um sobrinho em Paris. Ótima desculpa para fazer uma paradinha na ida ou na volta. A Gabi (de novo) descolou um festival de heavy metal (Sonisphere) em Madrid e eles iriam nos encontrar lá.  E ai Madrid e o flamenco entraram na jogada.










Confuso? Um pouco, mas foi assim mesmo que o roteiro foi definido:

Rússia:
. Moscou (2 dias),  São Petersburgo (4 dias) e Vyborg

Finlândia:
. Lappeeranta (1 dia),  Kitee (2 dias), Savonlina (2 dias), Mosteiro de Valamo (1 dia), Kuopio (1 dia), Rovaniemi (3 dias) e Helsinque (3 dias).

 Estônia:
. Tallin (bate e volta de 1 dia a partir de Helsinque)

 Espanha:
. Madri (4 dias)


Visualizar Russia e Finlandia 2011 em um mapa maior


PLANEJAMENTO

O aéreo fizemos com a British, Finnair e Ibéria, utilizando milhas da OneWorld para a Gabi. A minha tentei comprar diretamente da British, que trabalhava somente a vista, mas o atendente me avisou que se eu comprasse através de algum agente poderia parcelar em 5 vezes no cartão. Achei estranho, mas não é que fui conferir e era verdade? Voamos de São Paulo a Moscou (via Londres), de Helsinki a Madrid e de Madrid a São Paulo (também via Londres). Foi a primeira vez utilizei a British e gostei, principalmente da pontualidade britânica. Arriscamos uma conexão de menos de duas horas em Londres e ainda deu tempo de tomarmos café da manhã, checar e-mails e tirar fotinhos.

 



A parte da Rússia fizemos com a agencia Tchayka, aqui de São Paulo, por  medo de termos dificuldades com o idioma (poucas pessoas falam inglês na Rússia). Cumpriram o que prometeram, mas definitivamente não gosto de viajar empacotada. Com respeito ao idioma, a mímica e o alfabeto cirílico foram de muita valia e com algum esforço, na minha opinião, dá para se virar por conta própria por lá.
Os ingressos para os ballets Bolshoi e Kirov foram comparados pela internet com 3 meses de antecedência. A bem da verdade, assim que sairam, pois entravamos todos os dias nos sites.

Viajamos de trem rápido de Moscou a São Petersburgo (incluído no pacote da Tchayka) e trem local de São Petersburgo a Vyborg. Atravessamos para a Finlândia de barco com a Saima Cruises . A Olga, representante deles em  São Petersburgo comprou as passagens do trem local para Vyborg e entregou tudo no hotel 2 dias antes da viagem. Tudo foi reservado por e-mail e pago com cartão de crédito. Ela demora um pouco para responder os e-mails, mas a passagem do trem local, incluindo a taxa de entrega no hotel, custou 1/10 da cotação que a Tchayka havia nos fornecido.

Utilizamos os guias Lonely Planet Rússia, PubliFolha Moscou Seu Guia Passo a Passo e o DK  Eyewitness Travel Top 10 St. Petersburg. Foi importantíssimo que os guias tivessem os nomes dos locais e ruas no alfabeto cirílico. Utilizamos também as dicas preciosas da Blogosfera: Viaje na Viagem do Ricardo Freire,  Viaggio Mondo da Fê Costa, Arquivo de Viagens da Luisa, Dri EveryWhere da Adriana Miller, Viagem pelo Mundo da Deise, Viajar pelo Mundo da Claudia Liechavicius e, pena que foi depois da minha volta,  a Natalia Gastão do Ziga da Zuca também escreveu sobre sua viagem à Russia.
  
Já para a Finlândia, na blogosfera encontrei dicas preciosas só para Helsinque: Viaggio Mondo da Fê Costa, Lugares e Olhares da Vera Marques  e do trem noturno de Rovaniemi no Viagem na Viagem do Ricardo Freire (que até colocou minha solicitação de dicas sobre a região doa lagos e da Laponia no Perguntódromo).
Todo o restante foi planejado com base no guia Lonely Planet Finlândia, incluindo indicações de agências locais e hotéis (na maioria da rede Scandic).


Para Kitee, por não ser turística e não constar no guia, usei o escritório de turismo da Karelia, que reservou hotel, táxi para nos esperar na estação de trem e deu dicas de como ir aos locais de inspiração da banda, citados na biografia do Nightwish (que a Gabi fez questão de conhecer). Até agora não entendi como lugares de uma natureza intocada e paz intensa, que eu amei de paixão, possam ter servido de inspiração para uma banda de heavy metal. Deve ser a tal de alma finlandesa.

Atravessamos de Savonlinna ao Mosteiro de Valano de barco pela MS Puijo, que também providenciou alojamento no mosteiro e transfer até Kuopio. Tudo via e-mail e só foi pago a bordo do barco.
Os ingressos para a ópera Don Giovanni em Savonlinna foram comprados na página do festival.
Os demais deslocamentos na Finlândia foram de trem, reservados e pagos diretamente na pagina da VR. Inclusive o noturno de Rovaniemi a Helsinque, com cabine e banheiro privativos.

Para Tallin fizemos um bate e volta de Helsinque no mesmo dia de ferry pela Linda Line. Os bilhetes foram comprados com dois dias de antecedência no Centro de Informaçãoes Turísticas, mas podem ser comprados também pela internet.
Utilizamos o guia da Folha e as dicas da Fê Costa do Viaggio Mondo e da Adriana Miller do Dri EveryWhere

 
Em Madrid, utilizamos as  dicas imperdíveis da Patrícia do Turomaquia e da Natalie e Fred do Sunday Cooks e os guias a Folha.
O Hostal Ana Belen, o baile flamenco na As Carboneras e o restaurante Botin (supostamente o mais antigo do mundo) foram reservados com antecedência nos respectivos sites.
Para o Sonisphere, os ingressos foram comprados pela internet, na própria página do festival (utilizando cartão de crédito). Para chegar até o local dos shows, a Gabi utilizou transporte público, em conjunto com ônibus fretados para esse fim, disponibilizados gratuitamente pela organização do evento.


Não tenho por hábito planejar os restaurantes. Usei dicas dos blogs e guias citados acima e outros escolhidos ao acaso.










Foi uma deliciosa mistura de strogonofe, caviar e pelmeni na Rússia,...












... peixes de lagos gelados, rena e alce na Finlândia,...










... urso e faizão na Estônia, ...

...tapas com sangria na Espanha e  pic-nics no quarto de hotel que a gente não fotografa nem conta, como bem disse a Marcie no Abrindo o Bico.




As sobremesas foram um capítulo a parte, incluindo um festival de cremes brulee exóticos (nas palavras da Lena Maximo quando postei no Fotos de Viagem).  Não é a toa que engordamos 3 quilos cada uma nas 4 semanas de viagem.


Nos posts seguintes, o dia a dia, impressões, passeios, hotéis e restaurantes desta eclética viagem musical em busca do sol da meia noite:

Aterrissando em Moscou

Vai sair, eu prometo... e também terminar os da Turquia e...



domingo, 31 de julho de 2011

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO BLOG - As viagens da minha infância

VIAGENS e FOTOS – Duas paixões desde minhas recordações mais antigas

O Viagem com a Flora está fazendo 1 ano este mês (ainda é Julho, não?). Exatamente no dia 07 de Julho, quando estava em mais uma viagem maravilhosa, com minha filha Gabi, pela região dos lagos da Finlândia em busca do sol da meia noite.








Devo confessar que não fui muito dedicada a ele neste seu primeiro ano: somente 4 posts, o último há mais de 6 meses. Mesmo assim, tive a honra de receber mais de 2500 visitas. Prometo ser mais assídua neste segundo ano. Tenho tanta lembrança boa nas minhas caixas de fotos, nos meus caderninhos de viagem e principalmente na minha mente para compartilhar com quem gosta de viajar.
Remexendo meus guardados encontrei um destes cadernos, com um relato escrito também num Julho, mas de 2000, que transcrevo a seguir. Seria ele o precursor deste blog?

 Estava eu ontem (29/07/00) sem sono no avião (o que é uma raridade), pensando com qual viagem eu começaria este caderno que me chamou a atenção na última viagem que fiz a Nova Iorque. Resolvi então fazer um apanhado de todas elas, esta paixão que tenho por ver coisas novas. Por que gosto tanto de viajar? Como diz a autora do último pensamento desde caderno, para nos conhecermos a nós mesmos. Segue o original:

"Now at last I know with absolute certainty that we travel to find ourselves. By placing ourselves in all possible circumstances which, like projectors, will illuminate our different facets, we come to grasp all of a sudden, which of our facets is fully, uniquely, ourselves”- Ella Maillart (1903)-Travel writer and explorer

As minhas primeiras lembranças de viagem quase se confundem com as da minha vida: o velho Emilio (como carinhosamente gosto de chamar o meu pai) baixava em São Carlos com seu “fordão preto” para me levar para Borborema. Ficaram para sempre na minha memória a paisagem do Chibarro (entre São Carlos e Araraquara) e o barro escorregadio das estradas de terra, sempre contornado com maestria pelas mãos firmes e experientes de quem deixou muita saudade. Uma vez ficamos horas esperando ele secar uma bomba de gasolina num fogão a lenha de uma casa de sítio a beira da estrada. As parada nos postos de gasolina Quitandinha e do Pau Seco sempre rendiam Diamantes Negros e Sonhos de Valsa.

Foto de 2007-Uma das poucas estradas da minha infância que não foi asfaltada

As vezes  fazia o trajeto de trem, com uma das minhas tias. A locomotiva era puxada a carvão, e eu me divertia com as faíscas luminosas, que depois se transformavam em pó preto que sujava toda a roupa.
(Foto de Denis Castro do Paparazziferroviario)

Mais tarde vieram as jardineiras (precursoras dos ônibus da Empresa Cruz de Araraquara) com seu cobrador de cabelo de fogo, que depois foi promovido à motorista. (Foto gentilmente surrupiada da ACIA)

A primeira vez que viajei fora do eixo São Carlos-Borborema foi para a praia, em Santos. Algumas vezes, quando desço a serra pela via Anchieta, ainda me lembro da excitação desta viagem. Mas, tive minha primeira crise de bronquite e fui parar no hospital. O velho Emilio foi chamado às pressas, e lembranças boas foram as conchinhas cor de rosa e entrar no mar no seu colo. Nem molhei os pés. Devia ter uns 6 anos.
(Foto gentilmente surrupiada da Wikipedia)



Com a bronquite vieram as viagens nos trens da Paulista para ir a São Paulo no Dr Tizze. O sanduíche de presunto e queijo do trem era uma novidade para mim. Era tão bom andar no centro de São Paulo no colo do velho Emilio. Aquele canudinho recheado de chantily que comiamos numa confeitaria do centro da cidade era o ponto alto do dia. Uma vez voltamos no carro Pulmann, a cadeira alta de couro, que rodava.










Estação de trens de São Carlos (Wikipedia) e carro pullman (Estadão de 7 de Outubro de 2010)

E a aventura que foi minha primeira viagem ao Paraná, para visitar a tia Josefina. A euforia de acordar as 3 da manhã, as atoladas no barro vermelho que grudava uns 10 cm na sola do sapato e a surpresa de ver que em Astorga todas as casas eram de madeira. 

Minhas viagens de férias na infância sempre foram ir para Borborema, passar uma temporada com meu pai. Era o dia todo brincando naquela terra vermelha com o bando de primos. Quando vinham os do Paraná, então virava uma festa.











(Fotos cedidas por José Antonio Viu)

Tinha também as idas ao sítio no domingo a tarde, a família toda na carroceria do caminhão do vô José, o vento gostoso batendo forte no rosto.

O gosto pelas viagens, aventura e música tem DNA. Meus avós paternos se conheceram no navio, vindo da Espanha em busca de uma nova vida aqui (a vó Florentina, segundo as histórias, pois não cheguei a conhecer, dançava e tocava castanhola). Brinquei  muito com elas quando era criança.

Minha avó materna Antonieta também atravessou o oceano vindo da Itália.


Minha mãe Amélia, professora primária formada na década de  40, se aventurava pelas fazendas do interior do estado para acumular “pontos” para conseguir uma “cadeira de professora”.


Numa dessas fazendas, no bairro do Tanquinho em Borborema, conheceu um jovem comerciante que tocava sanfona nos “bailes lá da roça”. Pena que ela se foi tão cedo, quando eu tinha apenas 2 anos. Só a conheci através das fotos (será que é por isso que eu gosto tanto de fotografia?)
Meu pai, viajante cuja viagem era a própria estrada, eu tive o privilégio de conviver por 41 anos e viajar minha infância toda ao seu lado. Não eram viagens turísticas não, era apenas a estrada, mas como era gostoso... Curto uma estrada até hoje.










Não realizou o sonho de ir à Espanha, mas eu e a Gabi o fizemos por ele. E te prepara ai em cima, meu velho, que a próxima será para a Catalunha e  Zaragoza, terras de seus pais.



Viagem turística mesmo, eu só fiz quando tinha 18 anos, com a tia Dinha ( outra figura da minha vida  apaixonada por viagens). Mas isto é um outro

Posts relacionados:

Desta vez vamos - O nascimento do Viaje com a Flora

Segundo aniversário do Blog - Capítulo II - As viagens da minha vida ou a minha vida através das viagens