sábado, 25 de agosto de 2012

SEGUNDO ANIVERSÁRIO DO BLOG


Capítulo II - As viagens da minha vida ou a minha vida através das viagens


O Viagem com a Flora fez dois anos no mês passado, exatamente no dia 07 de Julho, comemorado do jeito que mais gosto: viajando. Desta vez com a Nani por dois dos parques nacionais americanos: o Grand Teton e o Yellowstone.


Continuo não muito dedicada a ele neste segundo ano: só mais 4 posts. Mesmo assim, teve a honra de receber 6500 visitas nestes 2 anos de vida. Foi também citado no Viagem na Viagem do Riq Freire neste post sobre a Rússia e no Domingão deTwitadas sobre a Turquia do Diário de Mochileiro. Desta vez não vou prometer ser mais assídua, mas escrever sempre que alguma saudade de viagem aparecer.

E como adoro comemorar aniversários, tirei do baú de recordações viageiras mais um pensamento e o Capítulo II do meu “ A Woman´s Travel Journal” (clique aqui se quiser saber a estória dele):

“ I craved to go beyond the garden gate, to follow the road that passed it by, and to set out for the Unknow… I dreamed of the hills, immense desert steppes and impassable landscapes of glaciers! ”- Alexandra David-Neel (1868-1969) French travel writer

Assim como a jovem e inquieta autora do pensamento acima (que viveu 101 anos viajando pelo mundo), eu também sonhava em atravessar o portão e sair por ai... além do eixo São Carlos-Borborema (e viver 101 anos viajando, é claro!).
Meu grande sonho era ir para a Europa, conhecer os lugares que via nas apresentações de slides do tio Miro e das amigas das minhas tias. Mas... este sonho só foi realizado muito tempo depois, quando já tinha 40 anos (Áustria, Alemanha e Hungria acompanhando o marido a um congresso). E ai, ninguém mais me segurou...


Consegui fazer minhas duas primeiras viagens turísticas aos 18 e 21 anos, ambas em companhia da Tia Dinha, outra figura da minha vida que adorava viajar e que rodou um bocado por este Brasil e pela Europa.

A primeira delas, em 1968, foi para o Sul do Brasil. E não foi excursão não... Alugamos um perua Kombi com motorista (o Seu Mingão) e lá fomos nós, 7 mulheres por este Brasil a fora. Minhas companheiras de viagem eram conhecidas da tia Dinha e  nunca mais as encontrei. As fotos foram garimpadas do meu álbum de infância/juventude. Eu era a mais novinha...



Fomos pelo centro e voltamos pelo litoral. Passamos por Curitiba e pelo Parque Estadual de Vila Velha, criado 2 anos antes, em 1966...


Atravessamos o Rio Pelotas na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.



Visitamos uma vinícola caseira dos Padres Passionistas em Forqueta, perto de Caxias do Sul. Fui muitas vezes comprar vinho deles no Convento de São Carlos para minha avó Antonieta. O gosto pelo vinho tem DNA... numa época em que não era moda tomar vinho e visitar vinícolas.










Gramado e Canela não faltaram no roteiro, ...











... e as atrações turísticas de Porto Alegre registradas no meu album foram a ponte levadiça sobre o Rio Guaíba (Ponte Getúlio Vargas) e o Cemitério Vertical São Miguel e Almas.









Na Lagoa da Conceição em Florianópolis entrei pela primeira vez no mar e comi meu primeiro rodízio de camarão. Ambos inesquecíveis, mesmo mais de 40 anos depois.


                                                                                                        
A segunda das minhas viagens turísticas foi em Fevereiro de 1971, para Foz do Iguaçu. Nesta fomos de excursão em ônibus leito pela Transatlantica Turismo (acho que não existe mais). Tenho uma única foto tirada por um fotógrafo com uma polaroid, revelada e comprada na hora. Minha primeira máquina fotográfica só foi comprada alguns anos depois.


Ficaram nas lembranças a imponência das cataratas, o respingo da agua no rosto e a euforia de pisar em 2 países fora do Brasil. Foi só uma visita às Cataratas do lado Argentino e umas comprinhas nas ruas esburacadas de Ciudad del Este no Paraguai, mas eram os dois primeiros países estrangeiros onde eu carimbava meu passaporte, ops... colocava meus pés.
É..., está na hora de voltar, para chegar de barco bem pertinho das cataratas...


A tia Dinha viajou muito na sua vida. Comigo, com as irmãs, amigas, sozinha, com as netas (minhas filhas). Era frequentadora assídua da nossa casa na Boracéia. Adorava o marzão de lá. A última viagem que fizemos juntas foi um réveillon familiar em Águas de Lindoia. Fez escola: três gerações com rodinhas nos pés...











Posts relacionados:

Desta vez vamos, o nascimento do Viaje com a Flora

quarta-feira, 30 de maio de 2012

E fomos apresentadas a Moscou:

Praça Vermelha, Convento Novodeviski, Colina dos Pardais e Parque da Vitória


Nossa primeira manhã em Moscou começou com um laudo e tumultuado café da manhã no hotel (já disse no post anterior que ninguém respeita fila por aqui), um baile para tirar dinheiro com o cartão VTM em um ATM em russo (até encontrar a palavra mágica: English). Encontramos então o guia Igor (que falava português) na recepção do hotel para o city tour incluso no pacote da Tchayka.  Apesar de não ter comprado tour privado, fomos somente eu e a Gabi acompanhadas pelo guia e o motorista. Isto se repetiu em todos os outros passeios que fizemos. Veja o mapa do que nos foi apresentado:



Visualizar Russia-Moscou I em um mapa maior


A primeira parada não poderia ser outra senão a Praça Vermelha. Acho que ao ver as cúpulas da Catedral de São Basílio  foi quando caiu a ficha pela primeira vez: “putz, estamos na Rússia!” Foi muito legal, e bem emocionante, afinal a Rússia era um sonho antigo meu e da Gabi. Havíamos prometido vir juntas aqui em 1996. Quinze anos depois, cá estamos nós.
 

A Praça vermelha é o coração de Moscou. No eslavo Krasnaia, além de “vermelha” significava também “formosa”. Toda a história russa passa por esta praça, desde os czares, passando por Napoleão que ali passou em revista as suas tropas, correu o sangue dos operários em 1917, a parada da vitória em 1945, as paradas militares da época soviética até as atuais comemorações do Dia da Vitoria. E nós ali, no meio de toda esta história, não sabendo para que lado olhar e fotografar. Na nossa mente surgiram os sons dos acordes, sinos e canhões do final da Abertura 1812 de Tchaikovisky.
 
 
De um lado os muros e torres do Kremlin, que visitaríamos no dia seguinte...


... do outro lado o GUM a Loja de Departamento do Estado da época soviética, transformada hoje em um Shopping de luxo ...


... as nossas costas a Catedral de São Basílio, construída na época de Ivã (o terrível), um símbolo da Rússia que vemos em todos os postais, mas que nos surpreende quando estamos frente a ela...


... a nossa frente o  Museu de História do Estado, um prédio do século XIX, ...


... a Porta da Ressurreição, de 1680 ...


 ... e a Capela da Virgem de Kazan de 1637, estas duas últimas demolidas na época de Stalin para a passagem de tanques de guerra e reconstruídas posteriormente.  


Ao lado das muralhas do Kremlin, o imponente Mausoléu de Lenin ...


... e os túmulos de  Stalin e de todos os outros “comunistas famosos".


Quando estávamos indo embora, notamos uma pequena parada militar na frente do túmulo de Lenin. Foi interessante ver uns senhores idosos de uniforme com tantas medalhas, mas tantas, que quase cobriam o peito inteiro.


Não visitamos internamente nenhum desses lugares. Segundo o guia poderia ser feito à tarde no nosso tempo livre, mas tínhamos outros planos...

No caminho para o Convento Novodévitchi  passamos pela praça Loubianka, onde fica o prédio da antiga KGB, sede da polícia secreta da antiga URSS (lembra os filmes do James Bond?) ...


... e vimos também a Igreja do Cristo Salvador. Ela foi inaugurada em 1889, com capacidade para 10 mil pessoas. Foi dinamitada em 1931 e em seu lugar apareceu uma piscina. Foi reconstruída no mesmo local na década de 1990. “Ah... estes comunistas”...


Descemos no lago do Convento Novodévitchi. Ai ficaram reclusas a meia irmã, Sophia, e a primeira esposa, Yevdokia, de Pedro, o grande. Ao lado do convento fica o cemitério do mesmo nome, onde estão sepultados pessoas importantes da cultura e política Russa. Na época soviética, eram sepultados ai pessoas eminentes, mas que as autoridades julgavam que não eram elegíveis para as paredes do Kremlin (como Nikita Khrushchev, que dirigia a URSS na época da guerra fria). Também não entramos no convento nem no cemitério.


O guia Igor nos contou que o lago é conhecido como "o lago dos cisnes" porque teria sido lá que Tchaikovsky teve a inspiração para o seu famoso balé, quando viu dois cisnes, um branco e um negro. Será? Nós vimos apenas meia dúzia de patinhos. Alguns artistas também se inspiram com a bela paisagem e até compramos uma gravura por lá.


Seguimos então para a Colina dos Pardais, onde fica a Universidade Estadual de Moscou ...


... e de onde se tem uma bela vista da cidade, da Reserva Natural Vorobyovy Gory e do Estádio Olímpico Luzhniki, anteriormente chamado Estádio Central Lenin, o maior da Rússia.


Foi novidade ver um casal de noivos tirando fotos nos locais turísticos, com um carro todo enfeitado (e olha que este foi um dos mais simples que vimos). Notamos depois que é uma prática comum aqui na Rússia. Acho que todo mundo aproveita os meses de verão para casar, para as fotos não ficarem em branco e preto.
 











Nossa última etapa do city tour foi o Park Pobedy (Parque da Vitória), construindo para comemorar os 50 anos da vitória na Grande Guerra Patriótica (que é como eles chamam a II Guerra Mundial). Quando o guia começou a explicar ele disse: “Este monumento começou a ser idealizado em 1943...” e a Gabi logo interrompeu com “Mas a guerra na Europa não acabou em 1944?” e ele, sem titubear, respondeu “É que os russos já estavam tão certos da vitória em 43 que começaram a planejar”. Bastante confiantes estes russos, não?

Faz parte do complexo um museu sobre os acontecimentos de 1941-1945, ...


... a onipresente chama eterna em homenagem ao soldado desconhecido, ...


... a Praça dos Vencedores, com a figura alegórica da Deusa da Vitória,...


... um obelisco de 142 m, cada 10 cm  representando 1 dia da guerra,...


... além de uma igreja ortodoxa, uma mesquita e uma sinagoga, homenagem aos povos que auxiliaram a Rússia na guerra.

Ah, e mais um casal de noivos fazendo suas homenagens...











City tour é assim mesmo, vemos um monte de coisas que com certeza não veríamos por conta própria no mesmo espaço de tempo, mas um pouco frustrante por não termos nenhuma autonomia. Terminamos no cais Ult’inky Most , com uma aula de como voltar para o hotel de metrô (ah estes guias...).


Ai sim, como eu gosto, por nossa conta e risco fizemos como na música Winds of Change, do Scorpions:  “Following the Moskva down to Gorky Park”.  Mas isto ficará para um próximo post...


Veja também os posts anteriores desta viagem:


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

RÚSSIA - Aterrissando em Moscou

Após 3 cafés da manhã (um no vôo de São Paulo a Londres, outro no Starbucks do aeroporto de Heathrow e o último no vôo de Londres a Moscou) aterrissamos por volta das 16 hs  numa das cidades mais emblemáticas da Rússia: Moscou.
Ai que frio na barriga! Estávamos entrando na “Cortina de Ferro”. Este termo é para os mais antigos, como eu. Passei a infância ouvindo as tias falando dos horrores dos países comunistas e rezando dia e noite ( antes de 1964) para que o regime não fosse implantado no Brasil. Veio à mente uma recordação de infância: o dia em que gastei toda a minha pequena mesada em um único impulso porque “o comunismo vem ai” e iam confiscar tudo que era da gente.



O aeroporto Domodedovo é bastante zoado, como grande parte dos lugares por onde passamos aqui na Rússia. As pessoas (pelo menos as que trabalham com turismo) são extremamente sem-cortesia. Não diria mal-educadas, mas não fazem nada fora da esfera da obrigação. E o conceito de fila simplesmente não existe. Para fazer as coisas tem que ser no empurra-empurra, muito lei da selva. E obviamente, ninguém fala inglês. Mímica é a linguagem oficial. Mas, apesar da confusão, a recepcionista da Inturist (operadora russa da Tchayka) estava lá. Custou um pouco para eu localizar porque estava com uma placa “Oliveira Viu Degaspare + 1”. Fazia tempo que não era identificada pelo meu sobrenome quilométrico inteiro. Primeiro fato que deu origem à teoria da Gabi de que na Rússia tudo é ao contrario.


Mais de uma hora de trânsito infernal (como o de São Paulo) para chegarmos ao hotel. No caminho, “ladas” e prédios no estilo caixa de sapatos, marca registrada do regime comunista.


O hotel Cosmos é um daqueles hoteisões internacionais, com centro de convenções, teatros, restaurantes, etc... de frente para a estação de metrô VDNH, do Centro de Exposição de Realizações Econômicas e do Museu do Cosmos (que visitamos no dia seguinte e vou falar dele em outro post). Tem uma estrutura imponente, na forma de semi cilindro de 26 andares com paredes de alumínio e vidro. Foi projetado e construído por empresas francesas, o que pode explicar a enorme estátua de Charles de Gaulle na entrada.


As acomodações eram as que esperávamos de um hotel de categoria turística na Rússia: quarto com decoração sóbria, banheiro com roupão e amenities de qualidade razoável repostas diariamente.



 A vista da nossa janela era imponente, com o Museu do Cosmos bem ali.


Tinha wi-fi free somente na recepção onde uma multidão de pessoas ficava com seus notes. Mas era muito longe do centro e das atrações turísticas e nos obrigou a jantar nas dependencias do hotel nas 3 noites que ficamos em Moscou.
Nesta primeira noite escolhemos o Pub para o jantar, por ter o melhor sinal para internet em todo o lobby do hotel.  Influenciada por este post da Marcie do Abrindo o Bico, fui direto experimentar um prato típico russo, o pelmeni, mas era sopa de pelmeni, e me pareceu mais um capeletti in brodo. Só em São Petersburgo é que iria comer o verdadeiro pelmeni. No fim da refeição, uma surpresa: a conta veio toda no alfabeto cirílico. Impossível de conferir. Tivemos que ver pelos números e pela ordem de grandeza dos preços dos pratos mesmo, mas conferir de verdade não deu.
E ai, só nos restou ir pra cama tentar driblar o fuso e dormir, pois o dia seguinte prometia muito mais atrações e emoções.

(Este texto foi escrito a 4 mãos com minha filha Gabriela Viu Degaspare, minha companheira nesta aventura)


Veja também a introdução a esta viagem:

RÚSSIA E FINLÂNDIA – Uma Viagem Musical em busca do Sol da Meia Noite...