Uma experiência
de viagem linda, e ao mesmo tempo inacreditável...
Desde que chegamos à Boston, mesmo 15 dias antes do evento, o espirito e marketing da
Maratona 2013 estavam por toda parte. Nos dias anteriores então a cidade começou a
fervilhar, todo mundo vestindo as camisetas e agasalhos,
uma festa para os olhos.
No dia da prova, até eu que não sou muito ligada em esportes,
mas na companhia de uma esportista de primeira, estava entusiasmada para o evento. Dava para ver a reta final da nossa
janela, mas lógico que fomos para lá sentir o clima e a vibração de
pertinho.
Quando estávamos chegando passaram os primeiros cadeirantes.
Depois passaram muitos outros, e uma onda de aplausos e incentivos ia surgindo
a cada novo atleta que aparecia na esquina anterior.
O policiamento estava intenso, um vigilante a cada 2 ou 3
metros. Muitas famílias, crianças, idosos, gente com cartazes incentivando
algum parente participando. Uma festa linda!
Ficamos ali na grade, uns 300 metros antes da linha de chegada, por umas 2 horas.
Vimos a primeira atleta feminina disparada da frente chegando, ...
... e antes dela a segurança aumentada com mais policiais de bicicleta ...
... os primeiros masculinos, ...
... veteranos de guerra cadeirantes muito aplaudidos, ...
... a grande massa de atletas, ...
... um pai com seu filho cadeirante, ...
... e um atleta cego.
A
segurança adicional de bicicleta foi embora.
Eu estava me divertindo pacas e ainda ficaria muito tempo
por ali. Minha filha estava com fome e frio e questionou se eu ia ficar
esperando 27 000 atletas passarem. Almoçamos no Jaffa
Café, um restaurante que passávamos diariamente a caminho do metrô, tinha um adesivo do Trip
Advisor na porta e o mais importante: ainda não estava cheio. Achei bem fraquinho...
Como estava um dia ensolarado e divertido, resolvemos depois do almoço caminhar até a linha de chegada.
Ainda tinha muita gente por lá, famílias com crianças saudando e abraçando os atletas chegando.
Meu anjinho da guarda aguçou ainda mais meu espírito curioso
e falei para a Nani que queria ir mais pra frente ver o que acontecia depois da
chegada. Fomos caminhando e fotografando
Foi surreal... Ouvimos uma primeira explosão. Comentei: "Que susto! quem foi o
estrupício que fez isso?". Ai a Nani respondeu: "Mãe, estamos nos
Estados Unidos, não tem essa de brincadeira, isso é sério!". Olhamos e
vimos uma nuvem de fumaça. Ai, ouvimos o
segundo estrondo. Nessa hora a Nani pensou: QUANDO e ONDE vai ser a terceira...
Graças a Deus não houve uma terceira. Não fotografamos, mas a imagem da fumaça
subindo vai ficar para sempre nas nossas mentes. Todo mundo em volta começou a
andar, pois estavamos há uns 100 m do local da explosão e não
sabíamos o que era.
Fomos para o Boston Common, um parque lá perto. As pessoas caminhando
para um lado e os bombeiros e policiais com sirenes a toda para o outro lado. Passou
uma ambulância e Nani comentou: "Que pena, teve feridos." Sentamos num banco e ficamos lá tentando
adivinhar o que estava acontecendo. Começamos a ver as famílias se
reencontrando, todo mundo chorando e nos telefones dando notícias. Até um músico que estava tocando por lá
começou a tocar a Tristesse de Chopin.
Foi ai que pensamos em entrar num Starbucks e usar a internet para ter
certeza do que estava acontecendo e dar notícias. Muita gente foi chegando também, inclusive
corredores. Algum tempo depois nos avisaram que por motivo de segurança iam fechar a
loja.
Voltamos caminhando em direção a
nossa Guest House. Tinham isolado o canteiro central da Commonwealth e
montado barracas de campanha, tudo muito rápido!
Chegamos no quarteirão da nossa rua e estava bloqueado, pois era dentro
do considerado "crime scene". O policial mandou entrarmos e não sair
mais. A vista da janela agora era
outra...
Ficamos a noite toda trancadas, sem internet, comendo as sobras que tinhamos na geladeira e vendo na
CNN toda a tragédia que aconteceu. Ainda
não caiu muito a ficha de tudo... Parece um filme...
Não escrevo muito no meu blog. Nunca havia postado durante uma viagem,
mas eu tinha que mostrar aqui, enquanto as lembranças e os sentimentos estão fresquinhos na cabeça, a festa linda que vimos, e que algum indivíduo ou alguma organização idiota substituiu por uma tragédia.
Foi a maneira que eu e a Nani encontramos de agradecer as muitas mensagens carinhosas de amigos queridos preocupados com a gente.
Foi a maneira que eu e a Nani encontramos de agradecer as muitas mensagens carinhosas de amigos queridos preocupados com a gente.